EUSEXUA: o que esperar do novo álbum de FKA Twigs?

 A Revista Guilhotina apresenta um panorama geral sobre a nova era da musicista inglesa, analisando o lançamento do single "Eusexua"

Qual é o auge da experiência humana?

Capa oficial do lead-single "Eusexua"

Quem não conhece a multiartista britânica FKA Twigs pode pensar em diferentes respostas para essa pergunta, porém nenhuma representa tão dignamente a apoteose sensorial de sua nova era: “Eusexua”. A palavra-título é invenção da própria Twigs, e simboliza um momento de “transcendência momentânea”, como quando você passa horas dançando e não percebe que já amanheceu ou quando o tempo parece não importar. Com lançamento previsto para 24 de janeiro de 2025, Eusexua marca uma nova fase em sua carreira e em sua vida pessoal. Sucessor do catártico “Magdalene” e do enérgico “Caprisongs” (uma mix-tape que conta com participações de artistas como Shygirl e The Weekend), seu novo trabalho inspira-se na cena da música eletrônica de Praga, nas baladas techno e na atmosfera transformadora que marcou sua passagem na República Tcheca. Para a Vogue Britânica, a cantora ressaltou quão incrível foi poder estar viva naquele ambiente, afirmando que era a melhor sensação no mundo todo.

“Este ano tenho feito meu álbum em táxis em Berlim, cabanas em Big Sur, cavernas em Ibiza, estradas em Hackney, escrevi letras perto de lagos em Praga e nos banheiros de raves com uma esferográfica nas costas da mão” - FKA Twigs através do Instagram.

Em seu Discord - plataforma que ela utiliza para entrar em contato com sua fanbase, atualizando-a acerca de sua produção - a atriz e cantora descreve seu novo trabalho como “profundo, mas não triste”. A melancolia presente em seus álbuns de estúdio anteriores parece dar lugar ao frenesi, em um retorno certeiro à faixas como “Glass & Patron”, de seu primogênito “LP1”.

FKA Twigs para a coleção "The Body is Art"

No dia 3 desse mês, em seu Instagram, Twigs apresentou “The Body is Art”, uma coleção de roupas em parceria com a companhia esportiva “On”, que contou também com uma apresentação ao vivo de faixas que estarão presentes em seu novo disco. “Streaptease” (anunciada durante uma campanha para a Calvin Klein em 2023) e “Drums of Death”, já conhecidas pelos fãs, aparecem novamente em todo seu esplendor. Outras faixas - ainda inéditas para o grande público - hipnotizam o ouvinte e revelam de forma sedutora o que está por vir.

A faixa-título, lançada como lead-single no dia 13 de setembro nas plataformas digitais, já havia sido apresentada na Semana de Moda de Paris da Valentino em 2022, em uma performance que só poderia ser narrada como uma ode ao corpo e sua fisicalidade assombrosa. Escrita e produzida por FKA Twigs em parceria com Eartheater e Koreless, o single alça um voo majestoso, misturando o ambient trance com vocais etéreos. Se a música pode ser descrita como a arte de balancear som e silêncio, aqui ela transcende ao equilibrar delírio e paixão na composição de um ritmo carregado de emoções. Quando os corpos aglutinam-se na pista de dança, ninguém está sozinho. Seja em um escritório distópico com ares de “Severance” ou em um deserto metálico, a catarse musical expõe seu êxito em um videoclipe que deixaria Björk orgulhosa. Dirigido por Jordan Hemingway, o clipe - de quase oito minutos - é uma jornada através dos sentidos, onde a materialidade dos corpos rouba a cena. Aqui, todos os dançarinos parecem membros de um único corpo - o de Twigs - numa composição frenética digna de Gaspar Noé.

Apresentando peças nude, tons metálicos e um “skullet” (corte de cabelo que mistura o mullet com o estilo skinhead), a inglesa abre sua nova era com muita personalidade. A expressão corporal aqui é fundamental: as linhas simples dos trajes corporativos irrompem na imprevisibilidade dos chifres e adereços metálicos. As roupas fluem ao se moverem em um balé explosivo e parecem extensões corporais dos dançarinos. O single surge como um louvor a essência humana, buscando resgatar o desejo intrínseco e a pulsão maquínica que habita cada ser. Aqui, computadores dão lugar à carne, e o terno dá lugar à lingerie.

“Eusexua” reflete sobre amor e liberdade enquanto forças profundas que pulsam junto a batida, elevando a música em um crescendo quase sobrenatural. Segundo a própria letra, palavras parecem incapazes de descrever as sensações que florescem em seu interior. Solidão e pertencimento são temas-chaves na jornada de autodescoberta que o ouvinte acompanha durante a canção, onde a artista analisa o poder de seus sentimentos, intensos demais para outras pessoas.

"As pessoas sempre me disseram que eu levo meu amor longe demais / Então se recusam a me ajudar / Eu estava à beira de algo maior do que antes / Mas ninguém me contou”

FKA Twigs no clipe oficial de "Eusexua"

Com uma atmosfera grunge que mescla tecnologia e sensualidade, “Eusexua” resgata o instinto como força motriz. A obra contará com 11 faixas, e já possui capa oficial. Os apreciadores da musicista inglesa mal podem esperar para testemunhar o retorno de uma artista tão complexa e ramificada quanto Twigs.

"EUSEXUA é uma prática, EUSEXUA é um estado de ser, EUSEXUA é o auge da experiência humana.”